24 agosto 2025

A 2ª temporada de 'Peacemaker' reafirma o status do Pacificador como ícone bissexual

Peacemaker Pacificador Chris Smith bissexual bisexual

 A nova temporada da série de TV da HBO Max Peacemaker (Pacificador no Brasil) não usa meios termos para reafirmar o protagonista como um orgulhoso chupador de r*la. (AVISO: O texto a seguir não contém asteriscos no palavreado 18+)

Pacificador é HAH, mais especificamente bissexual. O personagem, interpretado por John Cena desde O Esquadrão Suicida de 2021, tem se mostrado aberto a praticamente tudo — veja a conversa entre o personagem e Sanguinário (Idris Elba) sobre comer uma praia inteira cheia de rolas — e isso foi afirmado mais explicitamente na 1ª temporada da série da HBO Max. Felizmente, a estreia da 2ª temporada não para por aí, reforçando a sexualidade aberta do personagem graças a uma orgia bissexual repleta de nudez frontal e um humor contundente que refuta décadas de piadas fáceis.

Spoilers da estreia da 2ª temporada de Peacemaker após este ponto.

No início do episódio, o Pacificador está fazendo um teste para ser membro da Gangue da Justiça e, graças a um microfone defeituoso configurado pelo Lanterna Verde Guy Gardner (Nathan Fillion), Pacificador ouve todas as conversas "privadas" do grupo. Quando Maxwell Lord (Sean Gunn) pergunta ao Pacificador  quais habilidades especiais ele tem, o Lanterna Verde brinca grosseiramente: "Além de chupar rolas". Depois de sair furioso da audição, Pacificador, irritado, diz à amiga Leota Adebayo (Danielle Brooks), quando ela pergunta como foi, que "Aparentemente, uma das minhas habilidades é chupar rola... Isso não é uma crítica. É um elogio, porra. Vão se foder."

Será que a série meio que se aproveita desse embate de perspectivas? Claro. Eles riem com o diálogo picante que menciona "chupar rola", mas ao mesmo tempo deixando bem claro que A) Lanterna Verde está muito errado aqui, e B) não há nada de errado em um homem chupar o pau de outro homem.

Muito mais contundente é o que acontece no meio do episódio. Chegando ao fundo do poço, o Pacificador fica completamente chapado e, com um flash de tempo, de repente há dezenas de homens e mulheres completamente nus fazendo sexo explícito ao seu redor. Pacificador está chapado e deprimido demais para realmente se envolver, enquanto todos os outros se divertem curtindo com seus pintos (e pererecas) de fora. Mas o roteirista/diretor James Gunn faz questão de incluir um momento em que algumas pessoas, começando por um homem, se aproximam do Pacificador para um breve momento de prazer:

Peacemaker Pacificador Chris Smith bissexual bisexual

Embora esta cena ainda seja parcialmente encenada para causar risos — sejamos honestos, dezenas de pessoas se deleitando com sexo (hétero- e homossexual) em várias posições em uma cozinha é bem engraçado de se ver —, ela se concentra muito mais no contraste entre o estado emocional do Pacificador e o que está acontecendo no mundo ao seu redor. O louvável aqui é que sua sexualidade simplesmente existe e é; não é aí que o humor entra, nem deveria.

E para manter os elogios, essa decisão coube totalmente a Cena. De acordo com Gunn, em uma entrevista à Empire para a primeira temporada da série, via Slashfilm, “Pacificador é um personagem interessante porque ele é tão fodido em muitos aspectos, e em outros, ele é meio que estranhamente inovador. John improvisa o tempo todo, e ele simplesmente transformou Christopher Smith em um cara hipersexualizado que é aberto a qualquer coisa sexualmente. Fiquei surpreso com isso. Mas pensei: 'Acho que faz sentido que esse cara não seja unidimensional'”.

Isso se tornou um importante ponto de contraste para o personagem na 1ª temporada, entre ele e seu pai racista, Auggie/O Dragão Branco (Robert Patrick). No episódio, Auggie provocava o filho dizendo: "Eu sabia que você era impuro quando nasceu. Eu sabia quando você dormia com prostitutas de sangue ruim e com homens". Foi a confirmação mais explícita da sexualidade do personagem na série, até a orgia de estreia da 2ª temporada (que é literal e figurativamente explícita).

Cena também foi objetivo sobre a sexualidade do personagem em entrevistas. Em um clipe postado online mostrando Gunn jogando um jogo de "você prefere" com Cena, ele foi questionado sobre impedir uma invasão alienígena, mas ele teria que "eliminar... um intruso alienígena disfarçado de águia-americana; ou B) seu encontro do Tinder para a noite". Sem perder o ritmo, Cena respondeu: "Não acho que ele eliminaria uma águia-americana, e se ele... tivesse que eliminar um encontro do Tinder, ele simplesmente iria ao Grindr e encontraria outro. O melhor de Peacemaker é que todos os aplicativos são bem-vindos, o tempo todo." (Nota do Blogueiro: Para o caso de você ainda não saber o que é o Grindr, trata-se de um aplicativo de pegação voltado originalmente para o público HSH [homens que fazem sexo com homens], depois aberto a pessoas LGBT+ em geral)

Isso nos leva à melhor parte aqui: ter Cena, um homem super-musculoso e hipermasculino, interpretando um personagem igualmente super-musculoso e hipermasculino... tratando a bissexualidade como um traço de caráter inato, em vez de algo estranho sobre ele e/ou seu traço de caráter principal. Muitas vezes, personagens homoafetivos na TV e no cinema são definidos por sua sexualidade, e é isso. Eles são o personagem gay, ou a personagem lésbica, etc. Em vez disso, o Pacificador é bissexual, entre muitas outras coisas. Particularmente para uma parte do espectro sexual tão incompreendida que a revista Time pensou que tivesse sido inventada em 1995, esse tipo de representação na tela é de vital importância. E tê-los em uma série de TV baseada na DC Comics, em vez de um drama que é ostensivamente sobre sexualidade (como a maioria das séries e filmes 'gays' ocidentais), também é importante para a representatividade.

Então, parabéns a Peacemaker por ter dobrado a aposta no personagem-título como um ícone bissexual na 2ª temporada. Esperamos que, até o final da temporada, ele possa pelo menos aproveitar um pouco a orgia. Ele merece.

Fonte

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2 comentários:

Heroína Atormentada disse...

Duas coisas não estavam no meu bingo do ano passado: Peacemaker sendo o único HAH assumido do novo DCU, e ele participar de uma curtição a esse nível. É interessante porque ele é o personagem que carrega muitos dos estereótipos do homem branco de extrema-direita, e ao longo do tempo isso vem sendo desconstruído ao ponto da própria ponta radical (o pai) não gostar dele. Será que ele em algum momento vai superar a crise de identidade e se mostrar um personagem evoluído o suficiente para se sentar a mesa junto com os grandes heróis?

Fábio Escorpião disse...

Obrigado pelo seu comentário!
Peacemaker (tanto o personagem da série quanto a série em si) está sendo uma das melhores (e mais surpreendentes) coisas no mundo dos super-heróis nos últimos tempos! Eu DETESTO ele nos quadrinhos, mas o amo de paixão no DCU. rsrsrs
Bom, se você já viu o episódio de ontem à noite (02/08), então já sabe a resposta à sua pergunta no final. (choremos T-T )

Hulkling merece uma chance de brilhar

 Os maiores heróis geralmente são aqueles que encontram força não apenas em seus poderes, mas em quem eles são e em quem eles amam.