13 agosto 2021

Robin: Algumas grandes mudanças para Tim Drake


 Ok, não surte. Não se desespere. Tudo bem, você pode surtar, mas, por favor, surte respeitosamente. A partir de 10 de agosto de 2021, seu headcanon é real: Tim Drake namora garotos.

Nota do Tradutor: esta é uma tradução minha da declaração oficial publicada no site oficial da DC Comics no dia seguinte ao do lançamento de Batman: Urban Legends #6, em que descobrimos que Tim Drake, o terceiro (e melhor) Robin, aceita namorar um garoto.

Se você é membro da significativa comunidade DSR ([da] diversidade sexual e romântica) da DC, então você já entende por que isso é uma grande coisa. Na verdade, você provavelmente já está esperando por um momento como este há muito tempo. Mas para os não iniciados, por favor, permita-me explicar.

Esta semana, Batman: Urban Legends #6 inclui o culminar de uma história de três partes da escritora Meghan Fitzmartin, da artista Belén Ortega, do colorista Alejandro Sánchez e do letrista Pat Brosseau sobre Tim Drake, o Robin que estreou nos anos 90 e em muitas de nossas infâncias, e o garoto mais responsável que já vestiu o vermelho e o verde. Após o horrível assassinato de Jason Todd, foi Tim quem trouxe Batman de volta do lugar mais sombrio de sua vida — não para perseguir qualquer sonho pessoal de combate ao crime e vestir fantasias, mas porque "Batman precisa de um Robin".


Como Fitzmartin e companhia exploraram nesta história de Urban Legends, "Tim Drake: Sum of Our Parts" ("Soma de Nossas Partes", numa tradução livre), é esse elemento que definiu a existência de Tim Drake desde que ele apareceu pela primeira vez. O terceiro Robin sempre foi alguém que coloca as necessidades dos outros antes de si mesmo, preenchendo vagas onde ninguém mais aparece. Ele carrega Batman, a Justiça Jovem e os Jovens Titãs como um Atlas cansado, sendo o que ele precisa ser para manter o mundo em equilíbrio. Mas esse também é o problema. Se Tim Drake pode ser qualquer coisa para qualquer pessoa, quem é ele para si mesmo? O que Tim Drake quer da vida? Qual é a sua verdadeira identidade secreta?

Praticamente desde o momento em que os quadrinhos foram inventados, pais mal informados e figuras de autoridade os criticam como ferramentas para corromper a juventude. Em relação a pensamentos criminosos, atos imorais e, o pior de tudo para famílias nucleares heterossexuais de meados do século, homossexualidade. Codificação queer (queer coding) nos quadrinhos, a ideia de expressar seu verdadeiro eu por meio de uma fantasia colorida enquanto esconde sua dupla identidade do mundo, já foi considerada escandalosa demais para uma nação amplamente homofóbica. Enquanto as crianças "queer" estavam encontrando um pedaço de si mesmas em personagens como Robin, juízes e psicólogos e até mesmo os próprios editores de quadrinhos, cautelosos com uma cultura que se voltava contra eles, fizeram de tudo para censurar temas "queer" dos quadrinhos nas décadas seguintes. Mas mesmo quando esses temas foram sufocados, as especulações sobre a sexualidade de Robin nunca pararam.

E apesar de uma multidão de novos Robins, cada um com um desfile de seus próprios parceiros heteronormativos, os leitores "queer" continuaram a ver um pedaço de si mesmos dentro do Menino Prodígio. Leituras "queers" de Robin continuam a proliferar em suas histórias. Amizades entre Dick Grayson e Wally West, Jason Todd e Roy Harper, Tim Drake e Conner Kent, Stephanie Brown e Cassandra Cain e até mesmo Damian Wayne e Jon Kent foram percebidas como algo mais próximo do que amizade repetidamente, por leitores "queers" em busca de si próprios dentro do mundo do Batman. Mas isso não deveria ser surpresa. Em 1940, Robin foi criado com a intenção de ser um substituto do leitor — um personagem no qual os leitores pudessem se projetar, lutando contra o crime sob a asa do enigmático Batman. Houve Robins meninas, Robins negros, Robins ricos, Robins pobres. Por que um leitor "queer", especialmente aquele abertamente condenado ao ostracismo pela própria cultura dos quadrinhos por tantas décadas, se sentiria menos digno desse mesmo relacionamento por substituição?


Tim Drake: Sum of Our Parts” começa com uma pergunta, da Oráculo (Barbara Gordon) que tudo vê ao frequentemente esquecido Tim Drake. Ficamos sabendo que Tim terminou com sua namorada de longa data e ex-Robin, Stephanie Brown, por motivos que não são claros nem mesmo para ele. Ele tem sido Robin para os Jovens Titãs, Red Robin para um Batman ausente e Drake para a Justiça Jovem — mas quando ele vai tirar um tempo para descobrir quem ele é para si mesmo?

Muito em breve, vemos Tim pondo o papo em dia com um velho amigo de sua série original de quadrinhos em 2004, Bernard Dowd. Nas histórias em quadrinhos originais em que apareceu, Bernard se considerava uma espécie de mulherengo. Mas ele tendia a ficar com ciúmes sempre que Tim estava namorando e valorizava seu tempo com Tim acima de tudo — e talvez vice-versa. Ele era alguém com quem Tim Drake poderia ser apenas Tim Drake por perto, ao contrário de qualquer uma das várias figuras super-trajadas em sua vida. Uma pessoa que apenas permitia que ele se expressasse, como ele mesmo, fora de uma capacidade de salvar a cidade ou o mundo.


Para o reencontro deles todos esses anos depois, Tim está claramente muito nervoso. Ele pegou emprestado um dos velhos ternos de seu irmão adotivo Dick. Ele está pasmo com a aparência de Bernard. Ele brinca com seu antigo colega de classe sobre pagar a conta. E quando Bernard é sequestrado meio que ao acaso pelo "Monstro do Caos" (Chaos Monster), Tim se torna Robin para salvá-lo. E porque ele é Robin, ele o salva, mas não antes de ouvir uma confissão de Bernard que acende uma lâmpada há muito adormecida sobre sua cabeça.

“Por favor,” Bernard diz a Robin. “Diga a Tim Drake... que ele me ajudou a perceber meu verdadeiro eu. Quem eu sou. Diga a ele... bem, ele provavelmente já sabe. Ele é o cara mais inteligente que já conheci. Mas diga a ele... que eu gostaria que pudéssemos ter terminado nosso encontro.”

Oh.

OH!

Ohhhhhh.


De repente, uma dúzia de coisas começam a acontecer na cabeça de Tim ao mesmo tempo. Inúmeras perguntas emaranhadas sobre sua própria identidade se soltam, prontas para serem desatadas pela primeira vez. E no momento em que ele consegue, Robin se torna Tim Drake e chega à porta de Bernard para explorar esses sentimentos. Mas antes que ele possa ir muito longe, é Bernard Dowd quem convida Tim para um segundo encontro.

Tim Drake, abençoado seja seu coração, diz sim.

"Sim ... sim, acho que eu quero isso."

Sorrindo mais brilhante e verdadeiro do que nunca, graças à arte jubilosa de Belén Ortega.


Isso é, como eu disse, uma grande coisa. Na verdade, isso pode dizer até pouco. Para uma parte significativa dos leitores do Batman, os Gotham Outsiders que sempre se viram olhando, é um momento sobre o qual continuaremos falando e celebrando por anos. O momento em que os fãs "queer" foram — não por meio de subtextos, e não por meio da leitura do “ponto de vista” permissível — mas descaradamente, textualmente apoiados pela primeira vez desde que Kate Kane (Batwoman) foi expulsa da base militar de West Point. O momento em que um Robin, qualquer Robin, mas particularmente um Robin com história e legado e agora décadas de leituras "queer"-codificadas em seu cinto de utilidades, foi permitido ser o ícone "queer" que sempre foi.

Mas o texto logo após a aceitação de Tim — do convite de Bernard e para uma maior compreensão de si mesmo — pode ser a melhor parte de tudo. É a parte que diz: "CONTINUA" ("TO BE CONTINUED"). Este não é o fim da autodescoberta de Tim Drake. Acabamos de chegar ao começo. E você pode ter certeza de que em Batman: Urban Legends #10, estaremos todos lá para seguir essa jornada pessoal aonde quer que ela vá.

Nação Tim Drake, levante-se. Não há como voltar atrás agora.

Texto original: DCComics.com

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