Patrulha do Destino: androfilia do Homem Negativo nos quadrinhos é exatamente do que o personagem sempre precisou

 A mais nova série em quadrinhos Doom Patrol (Patrulha do Destino) da DC Comics está se inspirando diretamente na cultuada série homônima da TV, já que as adições do enredo do show a Larry Trainor, o Homem Negativo — ou seja, sua sexualidade e sua luta para ser fiel a si mesmo — tornaram-se oficialmente cânone nos quadrinhos.

Spoilers para Unstoppable Doom Patrol #4

Em Unstoppable Doom Patrol #4 da DC Comics, as sessões de terapia interdimensional da Patrulha do Destino com a psicóloga da equipe, Dra. Syncho, mostram mais de perto as histórias de fundo e a psique dos excêntricos heróis. Depois de conversar com Degenerado sobre mostrar seu verdadeiro eu e Rita Farr sobre a culpa e ansiedade de sobrevivente sobre a ruína pendente da equipe, Dra. Syncho se encontra com o Homem Negativo. Em uma conversa que é a primeira em algum tempo entre o ex-piloto enfaixado e a terapeuta da Patrulha do Destino, Larry Trainor mergulha em seu passado pré-radioativo, antes de hospedar dentro de si um espírito negativo alienígena. Referindo-se ao passado de sua vida, Trainor descreve como ele costumava escapar de seus problemas voando com a Força Aérea dos EUA — e em um momento chave, a história em quadrinhos o mostra sendo consolado por um colega militar do sexo masculino.

À primeira vista, o momento pode parecer nada mais do que o Homem Negativo discutindo sua solidão. No entanto, ao mostrar o relacionamento de Larry com outro homem, os quadrinhos confirmam que o passado dentro do armário de Larry na série de TV Doom Patrol também se tornou parte do personagem dos quadrinhos, adicionando novas — e adequadas — camadas ao antigo super-herói da DC.

A história de Larry Trainor nos quadrinhos

Larry Trainor, Homem Negativo, estreou em My Greatest Adventure # 80 por Arnold Drake, Bob Haney e Bruno Premiani. Larry fazia parte da equipe original, que também apresentava a Elasti-Girl (Rita Farr) e o Homem-Robô (Cliff Steele), liderados por Niles Caulder, que atendia pelo título de "O Chefe". Como na série de TV, Doom Patrol apresenta uma equipe de desajustados que sofreram traumas catastróficos que mudam permanentemente quem eles eram. Para Trainor, ele é apresentado como um piloto exposto à radioatividade durante um desastre em um voo, deixando cicatrizes terríveis em todo o seu corpo. Como resultado, Larry se cobre com faixas da cabeça aos pés, mas também ganha os superpoderes de um Espírito Negativo radioativo. Mais tarde, o autor Grant Morrison estabeleceria que o acidente de Larry foi orquestrado pelo próprio Caulder, para que ele pudesse ter seu próprio time de heróis que lidaram com tragédias que mudaram suas vidas.

Até esta nova história em quadrinhos, o Homem Negativo não teve uma história muito romântica nos quadrinhos, embora tenha expressado afeto por Rita. No entanto, seu desejo por Rita termina com ela escolhendo outro membro da Patrulha do Destino, Mento, em vez dele, e Larry aceita a situação, até mesmo comparecendo ao casamento entre os dois personagens:

Desde a década de 1960, porém, a Patrulha do Destino teve uma história irregular com a DC Comics e não têm explorado os relacionamentos pessoais de Larry em um nível significativo. Tudo isso está mudando agora, e é em grande parte graças à série de televisão Doom Patrol, que mudou significativamente o Homem Negativo para tornar sua história de fundo ainda mais cativante.

Larry Trainer evoluiu no universo live-action da Patrulha do Destino

Quando a HBO decidiu adaptar Doom Patrol para a telinha, Jeremy Carver, que desenvolveu a série, compartilhou em uma sessão de perguntas e respostas que queria fazer de Larry Trainor um personagem mais complexo que não apenas tivesse que lidar com o isolamento superpoderoso da versão em quadrinhos, mas que também teria uma história como um homem 'gay' enrustido escondendo seu verdadeiro eu do mundo. Como ele explicou, "Foi muito interessante para mim contar a história de alguém que se sentia diferente por dentro naquela época e se sentiu forçado a esconder isso, e agora ele parece muito diferente por fora nos dias atuais, e como essa luta meio que se compõe em uma pessoa."

Larry Trainor e John Bowers em Doom Patrol

Sua origem como piloto militar permaneceu a mesma, mas o programa acrescentou que ele estava escondendo um caso com outro homem de sua esposa e filhos. Mostrar como um homem enrustido na década de 1960 navegava em uma profissão hipermasculina provou ser fascinante, com Larry se tornando um personagem favorito dos fãs com o público. Seu enredo não era apenas algo que você raramente via na mídia de super-heróis, mas raramente em programas de TV de qualquer tipo. De fato, essa caracterização foi um fator importante no motivo pelo qual Matt Bomer se inscreveu para o papel, com o ator dizendo ao sítio oficial da DC, DC.com: "Uma grande razão pela qual eu queria fazer parte de Doom Patrol é porque nunca vi um homem super-herói gay."

A série de TV Doom Patrol criou novas camadas para a história de fundo do Homem Negativo, adicionou profundidade ao personagem e tornou o que era uma origem bastante padrão absolutamente comovente. Larry nunca pode ser seu verdadeiro eu — não antes de ganhar poderes e, definitivamente, não depois de ser transformado.

As novas camadas do Homem Negativo se encaixam perfeitamente com a história de progressividade de Doom Patrol

Francamente, esse desenvolvimento parece tão natural que é quase surpreendente que tenha demorado tanto para acontecer. As novas dimensões do Homem Negativo parecem um enredo que poderia ser arrancado diretamente das páginas das maiores histórias da Patrulha do Destino dos anos noventa.

Os quadrinhos Doom Patrol de Grant Morrison e Richard Case exploraram temas relacionados a questões de gênero, incluindo a introdução de Danny a Rua, uma rua senciente de gênero fluido que oferecia refúgio para aqueles que precisavam. Enquanto isso, a história em quadrinhos apresentava Larry Trainor se fundindo com a Dra. Eleanor Poole para se tornar o herói intersexual Rebis. Na sequência de Rachel Pollack e Scott Eaton em Doom Patrol, o primeiro herói transgênero da continuidade principal da DC, Coágula, também foi apresentado. Em termos de amor do mesmo sexo, porém, o quadrinho pouco se importou em mostrar, com destaque apenas para o polêmico e bizarro casal de vilões franceses Cérebro e Monsieur Mallah, um cérebro humano de um homem morto e um gorila super-inteligente. Doom Patrol, especialmente na década de 1990, usava sua natureza progressiva como um distintivo de honra — sem medo de personagens e panos de fundo que os quadrinhos frequentemente ignoravam.

Mais de três décadas após o início da fase de Morrison e Case, e agora que a série de televisão Doom Patrol terminou, é ótimo ver a HQ Unstoppable Doom Patrol continuar a contar histórias subversivas sobre a equipe eclética de super-heróis bizarros. A atração pelo mesmo sexo do Homem Negativo parecia pertencer aos quadrinhos no momento em que apareceu na série live-action, então ver Unstoppable Doom Patrol trazer sua história atualizada para os quadrinhos não apenas adiciona camadas ao Homem Negativo, mas cria uma origem definitiva para o herói que deveria ser o status quo em todas as adaptações futuras. A fusão da história do Homem Negativo dos quadrinhos e da televisão é a evolução perfeita para Larry Trainor.

Fonte (com adaptações): Looper

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