Como a série de TV 'Invencível' falhou com William Clockwell e fãs HAH (mas depois melhorou muito)

 O desenho animado de sucesso da Amazon Prime, Invencível (Invincible no original), removeu a "saída do armário" do melhor amigo do personagem-título, William Clockwell — roubando do público parte de uma representação homoafetiva muito necessária.

Baseado nos populares quadrinhos de Robert Kirkman, Invencível mostra Mark Grayson, um jovem super-herói que herdou seus poderes de seu pai, um alienígena parecido com o Superman chamado Omni-Man. No programa de TV, o melhor amigo de Mark na escola é William, que é abertamente HAH ('gay'); no entanto, isso é uma mudança em relação à representação do personagem nos quadrinhos.

No início da série (que está agora em sua terceira temporada), Mark é um estudante de 17 anos do último ano do ensino médio quando seus poderes finalmente se manifestam, e ele escolhe o nome Invencível para seu alter ego de super-herói. Em Invencível, ele tem problemas para lidar com seus novos poderes e identidade de super-herói enquanto mantém uma fachada normal na escola e em seus relacionamentos. Isso leva a momentos engraçados, como uma cena em que ele corre para voltar para casa depois de deixar sua paixão Amber esperando em seu quarto, mas quase se esquece de trocar de roupa. Ele também precisa mentir para seu melhor amigo, William Clockwell, para manter seu alter ego em segredo.

Mark defende William de um agressor na escola

Existem algumas diferenças entre a série de TV e os quadrinhos, o que é normal em qualquer adaptação do papel para a tela. No entanto, uma mudança significativa em Invencível é a falta de um arco de revelação para William Clockwell, que é o único enredo homoafetivo na obra original de Kirkman: nos quadrinhos, William descobre e abraça sua sexualidade enquanto ele e Mark estão na faculdade. Embora a adaptação do Amazon Prime Video remova esse arco, Invencível não ignorou totalmente a identidade homoafetiva do personagem, já que William parece já ter se assumido. No entanto, a série acaba falhando com o público HAH e com William, roubando-nos, até então, do único enredo homoafetivo do material de origem.

A série de TV Invencível estabelece a homossexualidade de William logo de início. No primeiro episódio, "It's About Time", ele diz a Mark que acha que Omni-Man é um "gostoso", sem saber que o super-herói é realmente o pai de seu amigo. Depois de confundir o embaraço de Mark com o assunto, ele se desculpa e segue em frente dizendo "OK, coisas de hétero". A sexualidade de William não é um tópico de discussão, e ele rapidamente cai no tropo do "melhor amigo gay", o que infelizmente não deixa espaço para muito desenvolvimento do personagem (mas vemos isso melhorar nas temporadas seguintes, felizmente). O foco está mais na vida romântica de Mark, já que ele tem paixões por duas garotas diferentes, e William age como um simples personagem de apoio para ele. É uma reviravolta estranha da parte da Amazon Prime, considerando que a plataforma de streaming já havia criticado a falta de representação homoafetiva na TV e cinema através de The Boys, sua outra série de TV de super-heróis.

William e Rick conversando com Mark

Considerando que ao longo dessas três temporadas o seriado já vem tomando algumas liberdades com o material de origem, o criador de Invencível, Robert Kirkman, pode ainda facilmente integrar novos personagens e histórias homoafetivas (como realmente tem feito, como com a história do casal de vilões masculinos Tether Tyrant e Magmaniac contada em profundidade no episódio 3x05), bem como reservar um tempo para explorar a homossexualidade de William (e ele realmente tem dado mais espaço para William e seu agora namorado Rick Sheridan, que por um tempo foi transformado em um ciborgue zumbi, chegando até ao próprio Mark Grayson, que em uma realidade alternativa é apaixonado por William), impulsionando a representação HAH em um gênero que precisa muito disso.

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