O escritor de X-Men, Jonathan Hickman, se abriu sobre o subtexto 'queer' dos quadrinhos e a supervisão editorial da Marvel Comics e da Disney.
O escritor de quadrinhos Jonathan Hickman, que esteve à frente da linha X-Men através de seu popular relançamento nos últimos dois anos, finalmente discutiu o subtexto 'queer' da série e a supervisão da Marvel. Os últimos dois anos viram a raça mutante se transformar, com heróis e vilões bem-vindos na ilha viva de Krakoa. Lá, os mutantes criaram uma nova civilização — que muitas vezes rejeita as normas humanas.
Os mutantes certamente parecem ter rejeitado pelo menos os padrões humanos de relacionamento — mas, curiosamente, isso normalmente foi feito em silêncio. Um plano mostrando quartos adjacentes sugeria que Ciclope, Wolverine e Jean Grey estavam em um relacionamento poliamoroso (e mútuo entre os três), mas isso nunca foi discutido abertamente. Enquanto isso, depois de anos de queerbaiting, Kate Pryde finalmente beijou uma garota — mas essa cena aconteceu em um quadrinho publicado em setembro de 2020, e o beijo aparentemente experimental não teve desdobramentos posteriores. Parece que os escritores da Marvel estão sendo extremamente cuidadosos para não desenvolver esse tema em particular.
Jonathan Hickman tem sido responsável pela atual onda de quadrinhos X-Men, embora ele esteja saindo agora que X-Men: Inferno terminou. Hickman falou com o podcast Jay & Miles X-Plain the X-Men antes de sua saída e abordou diretamente o aparente queerbaiting.
É um comentário fascinante, sugerindo que por trás de cada dica sutil, cada aceno de cabeça e cada beijo, houve muito debate envolvendo a Marvel e a Disney. A chave está no comentário final de Hickman: "Não somos donos de nada disso", o que explica por que empresas como Marvel e Disney talvez relutem em se comprometer com essas ideias. Os quadrinhos são tradicionalmente bastante conservadores, com os editores acreditando que há uma espécie de conceito central que está no coração de seus personagens e seus mundos; se os escritores os mudarem demais, correm o risco de causar danos duradouros. Essa atitude foi responsável por alguns dos piores erros da Marvel, como a controversa história "One More Day" que redefiniu o Homem-Aranha porque os editores acreditavam que seu casamento o havia afastado demais desse conceito central. A mesma lógica provavelmente está por trás da relutância da Marvel em permitir que seus escritores se comprometam com um relacionamento poliamoroso entre Ciclope, Jean Grey e Wolverine, por exemplo; porque uma vez que isso aconteça, não pode ser apagado da continuidade para que eles possam voltar ao seu antigo triângulo amoroso sob um escritor posterior.Há ironia nesse conservadorismo com os X-Men, no entanto. Mutantes têm representado temas de diversidade e tolerância; se alguma franquia da Marvel deve abraçar a diversidade sexual e de gênero, é a dos X-Men. Enquanto isso, a era Hickman é baseada em retcons e reescritas conceituais tão grandes que já é difícil imaginar uma maneira satisfatória de trazer de volta o antigo status quo. Esperemos que a Marvel e a Disney vejam a recepção positiva que seu subtexto 'queer' está recebendo e permitam que ele finalmente se torne textual. E esperemos que não demore muito para vermos mais da intimidade entre Scott e Logan, e não apenas testemunharmos Jean indo para cama ora com um e ora com outro."Então, em relação ao que podemos mostrar nas estórias, obviamente atendemos a muitos mestres — atendemos à Disney e à Marvel, e temos nosso próprio grupo editorial e nosso próprio grupo de revisores. Eu gosto de pensar que forçamos o mais longe que podemos. Gosto de pensar que temos criadores que querem contar estórias que são muito importantes para eles como criadores, e acho que o máximo que posso fazer — e sinto que o máximo que fiz enquanto estive lá — foi apoiá-los de todo o coração E se eu tiver que falar com os chefes por eles, ou com eles, eu fico feliz em fazer isso e... acho que, na maioria das vezes, estamos moderadamente felizes com o que obtivemos nas estórias e moderadamente felizes com o processo. Há momentos em que as pessoas estão totalmente felizes com como isso se deu, isso é apenas a vida na linha corporativa, no que me diz respeito. Não somos donos de nada disso, fazemos o melhor trabalho que podemos."
Via Screen Rant.
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