Responda rápido: cite três heróis de filmes de ação abertamente 'gays'. Se sua mente ficou em branco, é compreensível; a falta de representatividade HAH entre protagonistas de grandes produções do cinema continua sendo mais do que notável. Mas talvez tenhamos perdido um caso escondido à vista de todos.
Até mesmo para os padrões do tipo "me emocione ou então" do fã de ação mais minucioso, Frank Martin, o transportador titular em Transporter 2 (Carga Explosiva 2 no Brasil) de 2005, possui quase todos os atributos na lista que compõe o herói de filmes de ação.
Em todos os filmes da franquia Transporter, o ex-comando das Forças Especiais Britânicas interpretado por Jason Statham chuta vários pelotões de inimigos corpulentos até a inconsciência e pilota seu veloz sedã alemão para dentro e fora de situações impossíveis. A retidão moral do transportador e a mística do homem de poucas palavras, enquanto isso, funcionam como isca para donzelas em perigo.
Ouvir isso do diretor dos dois primeiros filmes, Louis Leterrier, no entanto, o personagem Frank Martin tem certas, digamos, questões de identidade que nem Luc Besson, o roteirista-diretor-produtor por trás da franquia, nem a maioria dos homens e garotos que compõem sua base de fãs, sabia alguma coisa sobre.O transportador é 'gay'.
Leterrier disse que inseriu um sutil subtexto 'gay' no filme simplesmente porque podia, e Martin é um solitário e "semi-perdedor" que evita a companhia das belas mulheres que costuma encontra ao seu redor.
"Eu estava com muito medo de fazer um filme do tipo Steven Seagal — muito estereotipado e pré-digerido", disse o ator de 32 anos à época do lançamento do filme. "Então eu tive que encontrar um ângulo."
O slogan do transportador, "regras são feitas para serem quebradas", poderiam facilmente se destacar como o lema de Leterrier. Afinal, ele passou de buscar chá para Besson a realizar reuniões de desenvolvimento no luxuoso restaurante Kate Mantilini dentro de três anos.
Desde o fracasso do diretor parisiense com Catwoman (Mulher-Gato) no ano anterior (2004), Leterrier assumiu o cargo mais importado da França em Hollywood — mesmo que o diretor ainda se chamasse então de "aprendiz".
Para Transporter 2, Leterrier trabalhou nas convenções de ação enquanto colocava seu próprio giro atrevido no gênero.
"Se você assiste ao filme e sabe que ele é 'gay', ele se torna muito mais divertido", insistiu Leterrier. "É tão bom — o primeiro herói do filme de ação 'gay'!"
O diretor, casado e "heterossexual", disse que o subtexto 'gay' do filme enfrentou um desafio sutil à atitude do público em relação à homossexualidade.
"Os fãs de ação em geral são bem homofóbicos", disse ele. "Você vê esses caras durões que dizem 'The Transporter, esse é um ótimo filme!' Se eles soubessem que estão realmente torcendo por um novo tipo de herói de ação".
Como evidência, ele menciona uma cena em que a esposa do czar da droga, interpretada por Amber Valetta, faz aberturas românticas em relação ao transportador. Martin a rejeita, explicando: "É por causa de quem eu sou".
"É ele saindo do armário!" Leterrier exclama.
Jason Statham, o ator que interpreta o transportador, descarta as reivindicações do diretor.
"É apenas Lou-Lou tentando ser engraçado", disse Statham, usando seu apelido particular para Leterrier. "Embora ele tenha dito: 'Na parte 2, você se tornará o ícone gay'."
Fonte: Los Angeles Times (02/set/2005).
P.S.: Isso é contradito pelo enredo de Transporter 3 (2008), onde Frank Martin faz sexo com a personagem feminina que ele está transportando, e eles acabam juntos no que parece um relacionamento permanente. Três dias após o lançamento nos cinemas dos EUA de Transporter 3, no qual Frank Martin desenvolve um relacionamento "heterossexual", o escritor da entrevista de Leterrier em 2005 com o Los Angeles Times enviou um e-mail a Leterrier sobre sua opinião sobre o terceiro filme, que não foi dirigido por Leterrier. Leterrier parecia voltar atrás, afirmando depois de assistir novamente a seus dois primeiros filmes: "Eles não são tão 'gays' assim".Quem é Frank Martin?
Frank Martin é o protagonista da série de filmes e televisão da franquia Transporter (que consiste da trilogia original para cinema [2002 a 2008], um seriado para TV [2012 a 2014] e um quarto filme [2015]). Ele é retratado como um ex-agente de forças especiais que era um líder de equipe de uma unidade de busca e destruição, com uma formação militar que inclui operações "dentro e fora do" Líbano, Síria e Sudão, bem como um destinatário da Estrela de Bronze no filme inaugural (A Medalha Estrela de Bronze é uma condecoração concedida a membros das Forças Armadas dos EUA por uma conquista heróica, serviço heróico, realização meritória ou serviço meritório em uma zona de combate).
Martin se aposenta do serviço depois de ficar cansado e desencantado com seus oficiais superiores e utiliza suas habilidades como motorista particular de aluguel, mantendo uma vida aparentemente legítima vivendo de sua pensão do Exército. Frank Martin opera de acordo com um rigoroso código de conduta e espera que seus clientes sigam suas regras.
O personagem é retratado com antecedentes variados em diferentes obras da franquia. Na série de televisão foi revelado que ele se tornou órfão quando criança, alistou-se no exército britânico quando adulto e depois foi transferido para o serviço aéreo especial. No filme de 2015, The Transporter Refueled (Carga Explosiva: O Legado no Brasil), seu pai, Frank Martin Sr., é um ex-espião britânico que se aposentou para trabalhar em seu relacionamento com seu filho.
Jason Statham interpreta Frank Martin nos três primeiros filmes, Chris Vance o interpreta na série de televisão e Ed Skrein interpreta o herói no quarto filme, que é uma reinicialização.
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