Para comemorar o Mês do Orgulho, o site oficial da DC Comics faz um resumo da evolução de Gregorio De La Vega, o Extraño, o primeiro super-herói a amar o mesmo sexo, de um estereótipo equivocado a um pai de família e poderoso mago.Junho é o Mês do Orgulho e o Universo DC como o conhecemos hoje apresenta muitos personagens DSR ([da] diversidade sexual e romântica) para se orgulhar. De Bunker em Teen Titans Academy a Crush em Crush & Lobo, a Renee Montoya e Kate Kane nas Bat-HQs, personagens DSR significativos existem em abundância nos quadrinhos em andamento da DC. Quase todo programa de TV atual baseado em uma HQ da DC apresenta um personagem DSR proeminente. Mas nem sempre foi tão fácil para um leitor DSR de quadrinhos se ver refletido no Universo DC. Por mais de cinquenta anos, nem um único super-herói abertamente AMS (amante do mesmo sexo) pôde ser encontrado nas páginas da DC.
Isso mudou no evento "Milênio" ("Millennium") de 1988, quando os Guardiões do Universo preparavam a Terra para o próximo estágio de sua evolução, dotando de poder cósmico dez indivíduos que conduziriam a humanidade para uma nova era. Um desses indivíduos era Gregorio De La Vega, um mágico de palco peruano identificado como "gay" que coincidentemente compartilha seu sobrenome com Zorro. Os Guardiões elevaram os truques de salão de De La Vega à feitiçaria suprema, inspirando-o a assumir o nome "Extraño", a palavra espanhola para "Estranho" ("Strange" [N/T: sim, aparentemente Extraño é um pastiche do Doutor Estranho (Doctor Strange) da Marvel, criado em 1963, além de que o nome também é uma das traduções para "Queer"]).
“Tia” De La Vega
Criado pelo escritor Steve Englehart e pelo artista Joe Staton, Extraño foi muito aberto sobre sua identidade "queer". Ele tendia a se vestir e falar de uma maneira abertamente extravagante, insistindo o tempo todo para que os membros de sua equipe o chamassem de “Tia” ("Auntie"). Mas então, sutileza realmente não desempenhava um papel importante em Novos Guardiões (New Guardians), especialmente quando tentava abordar as questões sociais da década de 1980. Afinal, essa era uma série que incluía um vilão chamado Snowflame, que ganhava poderes cheirando cocaína — e outro que espalhava HIV alegremente e se auto-denominava “Hemo-Goblin” (N/T: uma combinação de "hemoglobina" com "goblin"). Embora bem-intencionados e com a intenção de refletir um mundo mais moderno, Novos Guardiões não resiste ao teste do tempo. Foi uma série que poderia ter se beneficiado de algum treinamento de sensibilidade.Quando Novos Guardiões foi cancelado em 1989, Extraño desapareceu junto com a HQ. Mas em seu rastro muitos personagens ainda mais antigos do que ele tornaram-se abertos sobre suas próprias identidades como HAH (homens que amam homens). Isso incluía Manto Negro (Obsidian), membro da Corporação Infinito (Infinity, Inc.) e filho do Lanterna Verde Alan Scott; Demônio da Tasmânia (Tasmanian Devil), representante australiano dos Guardiões Globais (Global Guardians); e Flautista (Pied Piper), inimigo reformado do Flash. Por mais desajeitados que tenham sido os primeiros passos, Extraño ajudou a pavimentar o caminho para representações sexuais mais diversificadas em todo o Universo DC.
“Ninguém me chamava assim há anos—menos ainda viveram”
Por mais de 25 anos, Extraño desfrutou de uma aposentadoria na obscuridade. Isso mudou em 2015, quando o escritor de Supergirl e Liga da Justiça da América Steve Orlando foi chamado para escrever uma série limitada que concluiria o romance entre Meia-Noite e Apolo na era Novos 52 (New 52), desenhada pelo artista espanhol Fernando Blanco. Ele próprio um autor HAH, Orlando sentiu que era hora de trazer de volta o personagem "gay" original da DC do limbo para ajudar a celebrar a primeira HQ da DC encabeçada por um casal abertamente H/H. Orlando nos apresenta um Gregorio De La Vega que age de forma mais reservada com a idade, mas que detém não menos poder. De La Vega demonstra familiaridade passageira com Meia-Noite e até mesmo o auxilia na jornada ao Inferno para recuperar seu amor Apolo das garras de Neron. O De La Vega amadurecido alude a “Extraño” quase como se fosse outro homem, tão distante da pessoa que é hoje no espaço como no tempo. Ele construiu o Sacrário, seu lar em Lima no Peru, onde pratica magia poderosa, e cria uma jovem filha angelical chamada Suri com seu marido, Hugh—fortemente implicado em ser o Demônio da Tasmânia dos Guardiões Globais.De La Vega passa a fazer uma aparição na edição final de Liga da Justiça da América de Orlando, como parte da recém-fundada pró-ativa "Fundação da Justiça" ("Justice Foundation", imagem mais abaixo) liderada pela Vixen. Graças à reintrodução de Orlando, De La Vega voltou a um papel de destaque nos cantos místicos do Universo DC, recentemente hospedando o Conde Controle (Count Control, imagem ao lado), um dos Senhores da Ordem em Liga da Justiça Sombria do escritor James Tynion IV.
À medida que a representação de um grupo marginalizado amadurece, parte do processo de crescimento muitas vezes envolve um acerto de contas com símbolos e ícones usados no passado—quer venham de malícia, ignorância ou uma visão simplificada que simplesmente não se aplica mais. Esse acerto de contas é resolvido de duas maneiras. Pode-se jogar fora esses símbolos e ícones, negando seu poder. Ou pode-se recuperá-los, dando-lhes um novo significado à medida que crescem junto com a cultura. Ao ressuscitar e reinterpretar Extraño para Midnighter and Apollo, Steve Orlando escolheu a última maneira e ele continua a crescer e evoluir Gregorio De La Vega como personagem na antologia do Orgulho deste mês, DC Pride.
No século 21, um personagem que antes era um estereótipo extravagante é agora um marido e pai orgulhoso, um estadista mais velho da comunidade e uma fonte de poder, sabedoria e respeito. Estamos orgullosos de ser Extraño!
Confira Extraño em ação ao lado de seu velho amigo Meia-Noite em DC Pride #1, disponível em 8 de junho! Ou veja onde sua evolução para o mestre do misticismo de hoje começou em Midnighter and Apollo!
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