20 setembro 2021

A masculinidade diversa de 'Saint Seiya'


 Com seu elenco diversificado de personagens, Saint Seiya (Os Cavaleiros do Zodíaco no Brasil) apresenta a masculinidade em todas as suas formas, provando que existe mais de uma maneira de ser homem.


O ano de 1986 viu Masami Kurumada criar o clássico Saint Seiya, que mantém sua influência no mundo dos animes até hoje. Apresentando um elenco formado principalmente por homens jovens, Saint Seiya conta a história da deusa Atena e seus Santos (Saints, "Cavaleiros" no Brasil) que lutam contra as forças das trevas, normalmente outros deuses gregos como Hades e Poseidon. Embora tenha passado por várias versões, Saint Seiya sem dúvida permaneceu fiel à sua essência original ao longo dos anos. No entanto, houve alguns tropeços ao longo do caminho.


A recente adaptação da Netflix dividiu a fanbase com seu movimento polêmico de  mudar Shun de Andrômeda de um garoto para uma garota chamada Shaun. Uma mudança como essa não é sem precedentes, no entanto. O filme em CG de 2014, Legend of Sanctuary, mudou Milo de Escorpião de homem para mulher, mas não pareceu atrair tantas reações. Talvez seja simplesmente porque os fãs estão ligados a Shun como um membro do elenco principal, mas mudar o gênero de Shun também apagou uma parte importante de seu personagem.

Para muitos, ele representava uma masculinidade gentil e de fala mansa, que não costumava ser associada aos protagonistas do gênero shonen (gênero direcionado principalmente ao público infanto-juvenil masculino). Isso o diferencia de seus aliados e adiciona profundidade à série. Ele era poderoso à sua maneira e valia tanto quanto seus companheiros de equipe tradicionalmente mais masculinos.

O contraste mais óbvio para a personalidade gentil de Shun de Andrômeda é a masculinidade agressiva de seu irmão Ikki de Fênix. Treinado em condições (mais) difíceis e cheio de ódio, Ikki na verdade começa Saint Seiya como um inimigo dos Santos. No início, ele é o protótipo do cara durão com pouca consideração pelos outros. Enquanto Ikki cresce e se desenvolve ao longo da série, ele permanece um modelo de poder masculino. Ele também pode ser considerado uma espécie de "cavaleiro de armadura branca", já que tem o hábito de fazer uma grande entrada no último segundo para resgatar os outros Santos de Bronze.

Comparativamente, Shiryu de Dragão  e Hyoga de Cisne têm personalidades menos dramáticas — mas ainda assim distintas. Shiryu é facilmente o mais maduro do grupo principal, agindo como a voz equilibrada da razão. Hyoga parece frio, mas leal àqueles que considera seus amigos. Ambos representam uma masculinidade mais reservada que se encontra no meio do espectro entre Shun e Ikki.

Seiya de Pégaso também emite uma energia mais equilibrada. Entusiasmado e que não desiste nunca, o Santo de Pégaso é um protagonista shonen por excelência. Ele não é tão doce quanto Shun e nem mesmo compete com Ikki quando se trata de agressão crua. Ainda assim, ele continua sendo o inabalável líder do grupo e mantém sua posição como um herói amado.

Cada Santo de Bronze demonstra sua própria versão de masculinidade, e todas são perfeitamente válidas. Apesar de suas diferenças, nenhum desses jovens é menos viril do que os outros. Eles definem a masculinidade de acordo com seus próprios termos. E, no final das contas, todos são dedicados aos amigos e compartilham um propósito. As várias representações de masculinidade de Saint Seiya o diferencia de outros animes shonen e provam que ser homem é muito mais do que abrir um caminho para a vitória à base de socos.


Via CBR.

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