07 setembro 2021

Prizefighter de 'Commanders in Crisis'


 Noah Rowe foi o primeiro Presidente dos EUA abertamente HAH, mas quando a sua Terra-J natal foi destruída por um evento cósmico que estava devastando todo o multiverso ele foi o único ser vivo resgatado de sua realidade, ainda que ele preferisse que fosse o seu marido Douglas, trazido junto com sobreviventes de outros mundos para salvar a última Terra restante, a nossa. Como um dos Comandantes em Crise, Presidente Noah Rowe agora é o Prizefighter, usando os seus poderes recém-adquiridos para ajudar a salvar um mundo que não é seu.


A capa alternativa de David Talaski para a primeira edição da história em quadrinhos Commanders in Crisis (acima) criou uma enxurrada de reações sedentas com sua exuberante homenagem retrô às fotografias de físico masculino que também serve como um aceno inteligente para a famosa imagem do Superman segurando um carro acima de sua cabeça na capa de Action Comics #1. Não que o nome de Steve Orlando já não fosse razão suficiente para se adicionar a série à nossa lista de leitura, mas um sorridente Prizefighter seminu numa das capas, de tanguinha apertada, exibindo toda a exuberância dos seus músculos inchados e reluzentes como o Superman dos meus sonhos com certeza me fez procurar por mais.

Frontier ("Fronteira")! Prizefighter ("Pugilista")! Originator ("Originadora")! Sawbones ("Cirurgião")! Seer ("Vidente")! Juntos, eles são os Comandantes em Crise (Commanders in Crisis) que protegem a Terra e a humanidade de ameaças grandes e pequenas e estão prestes a enfrentar uma catástrofe de proporções potencialmente épicas! Mas é a ameaça iminente nascida do futuro, ou algo mais mundano e insidioso abrindo caminho na mente das pessoas hoje?

Isso é o que eu adoro em Commanders In Crisis (escrito por Steve Orlando e desenhado por Davide Tinto). Os cinco comandantes parecem simultaneamente familiares e novos, com uma pequena peculiaridade lançada aqui e ali. Por mais distintos que sejam em conjuntos de poder e personalidades, quatro membros do grupo compartilham um segredo que juraram guardar para evitar o pânico das pessoas. Ao ler a primeira edição, você perceberá que "comandantes em crise" não é apenas aliterativo — é uma pequena e inteligente referência a seus empregos anteriores.¹

Tive uma sensação de empolgação quando vislumbres de crises passadas foram revelados e quais seriam suas implicações para esses heróis como ameaças do futuro e sua presente retaguarda para enfrentar. Além do recente evento Empyre da Marvel, esse é um sentimento que eu não tinha sobre eventos e crossovers há vários anos.

Existe a diversidade da própria equipe com três mulheres e dois homens. Duas dos cinco são negras e um é latino, e pelo menos um é AMS (amante do mesmo sexo). Ter um super-herói abertamente AMS, particularmente um análogo do Superman como Prizefighter, é definitivamente um extra! Melhor ainda ver Prizefighter receber de outros homens o mesmo tipo de adulação que vimos protagonistas masculinos "heterossexuais" receberem de mulheres. Quando eu li a primeira edição eu fiquei animado para saber o que Orlando havia planejado para o Prizefighter.

O preferido de seus criadores

Quando o escritor de quadrinhos Steve Orlando anunciou que abandonaria seu contrato exclusivo com a DC Comics, onde havia escrito Wonder Woman e Martian Manhunter, ele expressou seu desejo de ultrapassar os limites em seus futuros projetos de escrita. Commanders in Crisis, o primeiro lançamento oficial de Orlando como freelancer, cumpriu essa promessa, mergulhando o leitor em uma história de evento multiversal que parece imediatamente relevante.

Já nas primeiras páginas, a equipe de despretensiosos heróis de Orlando deve enfrentar bandidos da emoção (literalmente!) que viajam no tempo e estão empenhados em roubar a esperança do tempo presente porque não há mais nenhuma no futuro. O que é desconhecido para as pessoas que estão sendo salvas é que esses heróis não são deste universo. Na verdade, Prizefighter, Seer, Sawbones e Originator são os últimos sobreviventes de seus respectivos mundos destruídos trazidos para o nosso pela Frontier. Quando a própria ideia de compaixão é assassinada, os heróis devem resolver um caso de “ideia-cídio” que ameaça a própria existência.

Enquanto Commanders in Crisis relembra os trabalhos anteriores de Orlando, como Doom Patrol: Milk Wars e Thunderbolts, ele diz que a construção do mundo que ele fez com o artista italiano Davide Tinto (Marvel Action Spider-Man) parece fresco e muito voltado para este momento particular. Mesmo enquanto os próprios heróis — Prizefighter, um personagem parecido com o Superman tão forte quanto a multidão quer que ele seja; Seer, uma deusa quântica capaz de usar seus poderes apenas por um minuto de cada vez; Originator, uma heroína com a habilidade de mudar a realidade com palavras — estão enraizados em mitos de super-heróis, seus poderes refletem no estado atual do mundo. A ideia de uma “crise” que altera a realidade é um tropo comum nos quadrinhos de super-heróis, como visto em eventos como Secret Wars ou a seminal Crisis on Infinite Earths, que Orlando diz ter sido uma forma natural de apresentar um novo conjunto de heróis modernos.

Christopher é a segunda chance de Noah amar
“Eu tinha todo esse tipo de ideias estranhas de super-heróis com as quais queria trabalhar. Eu pensei por que não tentar colocá-lo em um universo e usar um evento, que é meio atual até o momento, para lançar esse universo”, disse Orlando ao site SyFy Wire. “O desafio é maior aqui, mas, ao mesmo tempo, é semelhante. Podemos fazer as pessoas entrarem com tropos com os quais estão relativamente familiarizadas. Tivemos o evento na TV Crisis on Infinite Earths (Crise nas Infinitas Terras), então acho que muitos desses métodos de contar histórias são mais convencionais do que eram no passado.”

Ele foi o primeiro presidente "gay" dos EUA no seu mundo...
...casado com Douglas, o Primeiro Cavalheiro (masculino pra Primeira Dama, dããã)
Commanders in Crisis faz uma retrospectiva de crises passadas para refletir aquela que os EUA enfrentam hoje. (N/T: O texto original é de outubro de 2020)

“Há esse 'juízo final' nas HQs dos anos 80 como Watchmen”, diz Orlando. “Estamos vivendo um momento como esse. Então, eu queria ter um ângulo de algo que precisava ser derrotado que não pudesse ser apenas socado na cara."

Na primeira edição, os leitores vislumbram os Estados Unidos muito divididos. No Congresso, os senadores cuspiam retórica inflamada defendendo a pendente "Lei da Individualidade Americana", uma lei que estabeleceria 52 Estados-nação individuais.

“O engraçado sobre isso foi que quando comecei a escrever esta HQ, há um ano, essa parte parecia ridícula. A coisa estranha é que cada vez mais parece plausível. Pensamos em como poderíamos dramatizar essa ideia de que deveríamos ficar juntos, mas há facções no país que simplesmente não gostam umas das outras. Então, como você combina isso com algo como America First²?” Orlando diz.

Os personagens de Commanders in Crisis também são tópicos apenas ligeiramente diferentes em tropos estabelecidos. Tanto Orlando quanto Tinto escolheram Prizefighter como seu favorito entre o grupo. Um super-humano cuja força está diretamente ligada às pessoas pelas quais ele luta. Prizefighter notavelmente tem algo de seu criador, Orlando admite.

“Ele não é exatamente como qualquer outro personagem queer que já escrevi antes”, diz Orlando, referindo-se ao tempo que passou escrevendo uma série limitada de seis edições sobre Meia-Noite e Apolo, dois dos heróis HAH (homens que amam homens) mais proeminentes da DC. “[Prizefighter] tem a ousadia do Meia-Noite, mas o tipo de esperança confrontativa de alguém como Superman. Ele não é um cara que vai explodir seus miolos no estilo The Authority, mas ele também tem o privilégio de ser invulnerável, e sabe para o bem ou para o mal que quando ele cria um momento memerável como aquele ele só vai ficar mais forte. Eu costumava dizer que Meia-Noite é apenas eu como um super-herói, mas Prizefighter é muito mais parecido comigo, porque sou obcecado por validação externa, gosto de esportes de combate, gosto do show business de luta livre, adoro as fantasias e apresentações e está tudo nesse personagem.”

Tinto disse que queria que o personagem parecesse um lutador de verdade de uma época muito semelhante à dos anos 40, então ele optou por bandagens nas mãos de Prizefighter, típico de uma briga de bar.

“Adoro todas as cenas em que ele mostra a sua força. Um pouco arrogante mas com discrição e nunca deixa de mostrar o seu lindo sorriso”, diz Tinto.

Orlando diz que a arte e o estilo de Tinto oferecem aos leitores em potencial um ponto de entrada em seu estranho mundo novo.

“Acho que sua arte é a colher perfeita de açúcar”, diz Orlando. “A arte acolhedora desta HQ é o Virgílio³ desta jornada, trazendo você através deste inferno de ideia estranha que eu criei. Eu sou o estranho e Davide é o legal, dizendo ‘Por que você não escuta esse cara?’”

É uma ótima combinação criativa, e a unidade entre o escritor e o artista é, de certa forma, reflexo do tema central de Commanders in Crisis. Compaixão e trabalho em equipe são importantes, então o que acontece quando as pessoas desistem da própria ideia de união?

“Se não podemos nos preocupar com a dor e o sofrimento de alguém que nunca encontraremos, não haverá futuro à frente, não apenas para este país, mas para o mundo”, diz ele. “É por isso que é uma ideia tão importante. Podemos ser lembrados de que precisamos nos importar e mostrar amor pelas pessoas e é isso que eu quero nas obras que faço.”

Via Gay League e SyFy Wire.

Notas:

1. Commander in Crisis é uma brincadeira com Commander in Chief (Comandante em Chefe), que, nos EUA, é o título do Presidente da República como comandante supremo das forças armadas.

2. America First se refere a uma postura política nos Estados Unidos que geralmente enfatiza o nacionalismo e o não intervencionismo. Nas campanhas presidenciais de Donald Trump (2016) e durante a sua presidência (2017–2021), o ex-presidente estadunidense usava a frase como um slogan, enfatizando a saída dos EUA de tratados e organizações internacionais.

3. Orlando compara a arte de Tinto com o espírito do famoso poeta romano Virgílio, que serve de guia para o poeta italiano Dante Alighieri em sua jornada pelo mundo inferior em sua obra Inferno, a primeira das três partes da Divina Comédia.


Confira abaixo mais algumas artes incríveis com o Prizefighter (e não se esqueçam de vê-lo em imagens super-deliciosas e super-explícitas no Super-Gato do Mês de Setembro!):








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