18 setembro 2021

Batman Day: Homens que Amam Homens na franquia Batman


Olá, pessoal! Sabem que dia é hoje? Hoje é o #BatmanDay!!!!!

Apesar de o personagem Batman ter sido publicado pela primeira vez em março de 1939 (Detective Comics #27, criado por Bob Kane e Bill Finger), desde 2014 (na comemoração de 75 anos do herói) que se comemora oficialmente o Dia do Batman sempre no segundo semestre do ano, mas já a partir de 2015 começou-se a comemorar no terceiro sábado de setembro, sendo que neste ano de 2021 a data caiu hoje, dia 18/09.

#BatmanDay2021 comemora os 82 anos do Homem Morcego, um dos super-heróis mais antigos do mundo, o carro-chefe da DC Comics, um dos fundadores da Liga da Justiça e parte da Trindade dos personagens de quadrinhos mais reconhecidos do planeta (junto com Superman e Mulher Maravilha).

Como não poderia deixar de ser, o blog SuperMen's Love preparou essa matéria especial sobre a presença HAH (isto é, de homens que amam homens) no mundo do Batman, provavelmente o personagem em quadrinhos que mais conta com personagens DSR ([da] diversidade sexual e romântica) em suas páginas. Vamos lá!

— Homossexualidade na franquia Batman
Bruce Wayne e Dick Grayson
dormindo juntos em Batman #84 (1954)
Interpretações homossexuais têm sido parte de estudos acadêmicos sobre a franquia Batman pelo menos desde que o psiquiatra Fredric Wertham afirmou em seu livro Seduction of the Innocent ('A Sedução dos Inocentes'), de 1954, que "as estórias de Batman são psicologicamente homossexuais". Wertham, assim como as paródias, os fãs e outros, têm descrito Batman e seu parceiro Robin (Dick Grayson) como homossexuais, possivelmente em um relacionamento um com o outro. A DC Comics jamais, até este momento, atestou que Batman ou qualquer um dos seus parceiros masculinos fossem "gays" (exceto finalmente pelo Robin Tim Drake, em 2021), mas vários personagens dos quadrinhos de Batman da Era Moderna (anos 80 para cá) são expressamente DSR.

— Eras de Ouro e de Prata
Os quadrinhos do Batman na Era de Ouro (anos 30 a 50) eram sombrios e violentos, mas durante os últimos anos da década de 40 e no começo da de 50 mudaram para um estilo mais suave, amigável e exótico, o que era considerado campy (camp ou campy, algo como 'de mau gosto' ou 'irônico' ou até 'afeminado'). Esse estilo despertou, na época e depois, associações com a cultura homossexual.

Série de TV dos anos 60
Em Seduction of the Innocent, Fredric Wertham disse: "O tipo de estória do Batman pode estimular fantasias homossexuais em crianças, de cuja natureza elas podem não estar conscientes" e "Somente alguém ignorante dos fundamentos da psiquiatria e da psicopatologia do sexo falharia em perceber uma atmosfera sutil de homoerotismo que pervade as aventuras do maduro 'Batman' e seu jovem amigo Robin." Este livro foi publicado no contexto do "terror lilás" (lavender scare), onde as autoridades consideravam a homossexualidade como um risco à segurança. Como a homossexualidade era vista como um distúrbio mental naquele tempo, cabia a Wertham fazer essas afirmações em seu trabalho, que agora é retrospectivamente quase unanimemente desacreditado.

Andy Medhurst escreveu em seu ensaio Batman, Deviance, and Camp ('Batman, Desvio e Camp', numa tradução livre), de 1991, que Batman é interessante para o público "gay" porque "ele foi um dos primeiros personagens fictícios a ser atacado com base em sua suposta homossexualidade", "a série de TV dos anos 1960 continua sendo uma pedra de toque do [estilo] camp" e "[ele] merece análise como uma construção notavelmente bem-sucedida de masculinidade."

— Visões dentro da indústria
Coringa em Batman: The Dark Knight Returns,
de Frank Miller
O site Comics Bulletin colocou a pergunta "Batman é gay?" para sua equipe e vários profissionais de quadrinhos. O escritor Alan Grant afirmou: "O Batman que escrevi há 13 anos não é gay. O Batman de Denny O'Neil, o Batman de Marv Wolfman, o Batman de todo mundo desde Bob Kane [seu criador]... nenhum deles o escreveu como um personagem gay. Somente Joel Schumacher pode ter tido uma visão oposta." O escritor Devin Grayson comentou: "Depende de pra quem você pergunta, não é? Já que você está me perguntando, vou dizer que não, não acho que ele é... mas eu certamente entendo as leituras gays." Enquanto Frank Miller tem descrito o relacionamento entre Batman e o Coringa como um "pesadelo homofóbico", ele vê o personagem sublimando seus impulsos sexuais na luta contra o crime, concluindo: "Ele seria muito mais saudável se fosse gay."

Grant Morrison, escritor de Batman e Batman Incorporated, disse em uma entrevista à Playboy que "a homossexualidade está embutida em Batman. Não estou usando gay em sentido pejorativo, mas o Batman é muito, muito gay... Obviamente, como um personagem fictício pretende-se que ele seja heterossexual, mas a base de todo o conceito é totalmente gay." Morrison disse mais tarde que a Playboy o citou erroneamente e explicou em uma entrevista ao New Statesman que a citação era "o oposto do que ele havia dito". Enquanto alguém "poderia facilmente discernir os aspectos fetichistas de Batman como um homem da noite vestido de couro preto, e a masculinidade de Batman, e conseguir um bom Batman gay, [...] em última análise, ele não é gay porque ele não tem vida sexual."

Série de TV da década de 1960
Burt Ward, que interpretou Robin nas séries e filmes dos anos 60, escreveu em sua autobiografia Boy Wonder: My Life in Tight' ('Garoto Prodígio: Minha Vida em Collant', numa tradução livre) que Batman e Robin poderiam ser interpretados como amantes.

Filmes de Joel Schumacher
O filme Batman Forever (1995), e especialmente sua sequência Batman & Robin (1997), ambos dirigidos pelo diretor abertamente andrófilo Joel Schumacher, foram interpretados como tendo conotações homoeróticas.

James Berardinelli escreveu: "Os fetichistas provavelmente amarão Batman & Robin. Há mamilos de borracha, closes nas 'malas' e bundas quando a dupla dinâmica (e depois a Batgirl) se veste." Schumacher afirmou: "Eu não tinha ideia de que colocar mamilos nos trajes de Batman e Robin provocaria manchetes internacionais. Os corpos dos trajes são de estátuas gregas antigas, que exibem corpos perfeitos. São anatomicamente corretos."

Chris O'Donnell, que interpretou Robin, sentia que "não eram tanto os mamilos que me incomodavam. Era a coquilha [o protetor genital]. A imprensa obviamente se focou nisso e fez um grande alarde, especialmente com a direção do Joel. Não pensei muito na controvérsia, mas olhar de novo e ver algumas das fotos, isso era muito incomum." George Clooney brincou: "Joel Schumacher me disse que nunca fizemos outro filme do Batman porque o Batman era gay." Em 2006, Clooney disse em uma entrevista com Barbara Walters que em Batman & Robin ele interpretou o Batman como "gay". "Eu usava um traje de borracha e tinha mamilos de borracha. Eu poderia ter interpretado Batman hétero, mas o fiz gay." Walters então perguntou: "George, o Batman é gay?" Ao que ele respondeu: "Não, mas eu o fiz gay."

Animação
O filme animado Batman and Harley Quinn alude tanto à noção de uma relação homossexual entre Batman e Robin como ao livro Seduction of the Innocent, quando Harley Quinn (Arlequina) aborda Asa Noturna sobre esse tópico com as palavras: "É engraçado. Eu sempre pensei que você e Batman não gostassem de garotas. [...] Você sabe. Aquele livro. Com os faróis dianteiros e os olhos esbugalhados? Eu tive que escrever um artigo sobre isso na faculdade. Tirei um B menos."

— Interpretações em anos posteriores, paródia e fandom
Interpretações homossexuais de Batman e Robin atraíram ainda mais atenção durante a Era Moderna das revistas em quadrinhos, à medida que temas sexuais e DSR se tornaram mais comuns e aceitos nos quadrinhos tradicionais.

Apolo e Meia-Noite
No baile de máscaras da Worldcon (Convenção Mundial) em 1962, vários fãs apareceram fantasiados de personagens da Sociedade da Justiça da América, incluindo os autores de fição Fred Patten e Rick Norwood como The Flash, Dick Lupoff como Batman e Harlan Ellison como Robin. Lupoff e Ellison (como Batman e Robin) fizeram uma pose homoerótica para as câmeras.

O escritor Warren Ellis abordou a questão da sexualidade de Batman obliquamente em sua história em quadrinhos The Authority, da Image Comics, onde ele retratou o personagem Meia-Noite (Midnighter), um claro pastiche de Batman, como abertamente gay e envolvido em um relacionamento com o análogo do Superman, Apolo (Apollo).

The Ambiguously Gay Duo é uma paródia animada de 1996, apresentada anteriormente no The Dana Carvey Show e no Saturday Night Live, com muitas semelhanças com Batman, principalmente a sequência animada da série de TV dos anos 1960.

The Ambiguously Gay Duo
Outro exemplo notável ocorreu em 2000, quando a DC Comics se recusou a permitir a reimpressão de quatro painéis (de Batman #79, #92, #105 e #139) para ilustrar o artigo de Christopher York, All in the Family: Homophobia and Batman Comics in the 1950s ('Tudo em Família: Homofobia e Quadrinhos do Batman nos anos 1950', numa tradução livre).

Rainbow Batman
A ideia do Batman "gay" também foi revitalizada por volta de 2005, quando uma montagem de painéis da "Comédia dos Erros do Coringa" ("The Joker's Comedy of Errors") em Batman #66 (1951), começou a circular como uma piada. O episódio usou a palavra "tesão" ("boner") várias vezes; no gibi original, significava "mancada, erro", mas no vernáculo atual em inglês a palavra é principalmente uma gíria para uma ereção ("pau duro", em linguagem vulgar). Um caso semelhante de uma interpretação "gay" não intencional foi o Rainbow Batman (Batman Arco-Íris) de 1957.

Batman e Robin, de Mark Chamberlain
Outro incidente aconteceu no verão de 2005, quando o pintor Mark Chamberlain exibiu várias aquarelas representando Batman e Robin em poses sugestivas e sexualmente explícitas. A DC ameaçou a artista e a galeria Kathleen Cullen de Belas Artes com uma ação legal se eles não parassem de vender as obras e exigiram toda a arte restante, bem como quaisquer lucros derivados delas.

Will Brooker argumenta em Batman Unmasked: Analyzing a Cultural Icon ('Batman Sem Máscara: Analizando um Ícone Cultural', numa tradução livre) que uma leitura "queer" de Batman é uma interpretação válida e que os leitores homossexuais naturalmente se sentiriam atraídos pelo estilo de vida retratado, independente se o personagem de Bruce Wayne é explicitamente "homossexual" ou não. Ele também identifica um elemento homofóbico ao vigor com o qual os fãs principais rejeitam a possibilidade de uma leitura homossexual do personagem. Escrevendo para o The Guardian, Brooker expandiu esse tema, afirmando que Batman:
nunca pode ser amarrado a nenhuma identidade. Batman tem sido um escoteiro caricato, um vigilante temível, um pai protetor, um solitário, um palhaço. Batman é um mito e um mosaico, um ícone que capta a luz em diferentes ângulos em diferentes momentos e assume múltiplas formas. Mas homossexualidade – do alto camp ao homoerotismo intenso – é um aspecto importante desse ícone... A constante necessidade de insistir na heterossexualidade de Batman sempre, sem querer, nos lembra as encarnações exageradas enquanto tenta reprimi-las; e quanto mais o empurram para a "escuridão", mais o "Batman arco-íris" foge pelas brechas.

— Personagens HAH da franquia Batman
Vários personagens, principalmente mulheres (Batwoman, Renee Montoya, Maggie Sawyer, Arlequina, Hera Venenosa, Mulher-Gato, Alysia Yeoh, Bluebird [Harper Row], Barbara Kean, Tigresa [Tabitha Galavan], etc.), foram retratados como AMS (amantes do mesmo sexo) e pelo menos uma transgênero (a mesma Alysia Yeoh) na história recente da franquia. Mas homens que amam homens (exclusivamente ou não) felizmente têm se tornado cada vez mais comuns.

Homem-Gato (
Homem-Gato
Catman
), vilão da Idade de Ouro de Batman que virou anti-herói, foi posteriormente confirmado como "bissexual" pela escritora Gail Simone.

O irmão de Harper Row, Cullen Row, tem um crush por Tim Drake, o terceiro Robin (ver mais abaixo).

Meia-Noite (Midnighter) se originou como um análogo alternativo de Batman nos quadrinhos publicados pela WildStorm, mas tornou-se parte do Universo DC principal em setembro de 2011 como resultado da The New 52. Meia-Noite apareceu como um personagem coadjuvante regular em títulos com Dick Grayson, incluindo Grayson e Nightwing.

A série de televisão Gotham apresenta o Pinguim como um homem andrófilo, o que o afasta das representações do personagem em outras mídias. Seu principal interesse amoroso é o Charada, que também foi revelado atraído pelo mesmo sexo na série.

Em Gotham, Pinguim é apaixonado pelo Charada
No videogame Batman: The Telltale Series e sua sequência Batman: The Enemy Within, o Coringa é visto comentando sobre a atratividade de Bruce Wayne enquanto também perseguia romanticamente a Arlequina, e foi confirmado como "bissexual" em uma postagem no Tumblr do ex-diretor da Telltale Games, Kent Mudle. Bruce Wayne, dependendo das escolhas do jogador, também pode ser descrito como tendo algum tipo de amor pelo Coringa (chamado de "John Doe", que em português seria "Zé Ninguém", pois não se sabe seu nome verdadeiro), mas nunca é explicitamente especificado como amoroso, com as únicas opções românticas no jogo sendo mulheres.

Ghost-Maker e Batman
No filme Birds of Prey (and the Fantabulous Emancipation of One Harley Quinn) (Aves de Rapina: Arlequina e Sua Emancipação Fantabulosa), os antagonistas principais são o casal de vilões Máscara Negra (Roman Sionis) e Victor Zsasz, mas infelizmente não vimos o relacionamento entre eles se solidificar concretamente, sendo apenas confirmada fora da trama pelos atores que os interpretaram (Ewan McGregor e Chris Messina, respectivamente).

Na graphic novel Gotham High de 2020, Alfred Pennyworth, tio de Bruce Wayne nesta estória, é casado com um homem chamado John Pennyworth, de quem ele recebeu o sobrenome ao se casarem.

Em Batman #100 (2020), a DC apresentou Ghost-Maker, um novo anti-herói ambífilo que revelou ter conhecido Bruce enquanto este estava treinando para se tornar o Batman. Atualmente ele é um dos principais personagens de apoio do super-herói.

E em 2021 tivemos a novidade mais bombástica sobre o assunto na franquia Batman: a DC publicou um enredo como parte de Batman: Urban Legends em que o terceiro Robin, Tim Drake, percebe que tem sentimentos românticos por homens e mulheres e começa a namorar seu ex-colega de escola Bernard Dowd.

Tim Drake em Batman: Urban Legends

Traduzido e adaptado de Homosexuality in the Batman franchise (em inglês).


Então foi isso, pessoal! Como sempre, espero que tenham gostado desse apanhado sobre a presença de homens que amam homens no mundo de Batman e celebrem muito o Batman Day nesses 82 anos do Morcegão mais amado dos quadrinhos!

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