01 fevereiro 2023

Dia dos Namorados: Apolo e Meia-Noite estrelam história de amor no especial da DC

Apolo e Meia-Noite, DC'S Harley Quinn Romances, Dia dos Namorados

 Apolo e Meia-Noite estrelam história de amor em DC'S Harley Quinn Romances, o especial do Dia dos Namorados 2023 da DC Comics.

A sinopse de DC'S Harley Quinn Romances começa assim: "A DC tem o orgulho de apresentar uma seleção de oito histórias de romance malandro, paixão prodigiosa e afeto ondulante e desenfreado." E continua, sendo que o primeiro casal mencionado é o apresentado nesta matéria: "A tensão aumenta quando Apolo e Meia-Noite são capturados por uma espécie alienígena desconhecida que está determinada a descobrir os segredos de seu sucesso como supersoldados." E segue mencionando as demais estórias, é claro, mas elas não são do interesse deste blog. Aliás, o amor masculino protagoniza apenas a estória de Apolo e Meia-Noite mesmo, então não irei mencionar as outras.

A premissa para a história de amor do melhor casal de super-heróis dos quadrinhos chama a atenção, e a estória em si é razoavelmente interessante pelo menos em seu início, mas, infelizmente, rapidamente descobrimos que "Across the Multiverse" ("Através do Multiverso"), como é intitulada a estória deles, fica muito aquém do que fãs do casal esperam em uma estória protagonizada por eles.

Esta é uma das três opções de capa de DC'S Harley Quinn Romances
(rosas, sobretudo as vermelhas, são o símbolo supremo do amor masculino)

Alerta de spoilers (leves) a seguir.

Bom, a sinopse mostrada acima praticamente entrega toda a estória, mas há alguns detalhes emocionantes que preciso destacar. Apolo e Meia-Noite foram separados pelos alienígenas para serem submetidos a simulações de batalhas com o propósito de estudar suas habilidades e poderes e assim poder replicá-los para criar seus próprios "super-deuses"; enquanto Meia-Noite está descansando da sua primeira rodada de simulações, Apolo está enfrentando um exército de soldados gregos antigos (des)vestindo nada mais que um sumário traje de deus grego (evocando a origem do seu próprio nome super-heróico, "Apolo"). Em toda a sua glória seminua, o herói flexiona seus músculos expostos na batalha enquanto relembra a gloriosa história do amor masculino heróico e guerreiro, louvando Aquiles e Pátroclo e também o Batalhão Sagrado de Tebas entre as suas maiores inspirações. Ah, e Apolo está de volta com o seu apaixonante cabelo comprido, ao menos dentro da simulação.


É muito bacana lermos uma estória de Apolo e Meia-Noite contada do ponto de vista do primeiro, já que normalmente as aventuras do casal são contadas do ponto de vista do último, o mais popular entre os dois considerando que ele protagonizou algumas séries em HQ com o seu nome no título no passado (Meia-Noite foi o primeiro super-herói HAH a ter sua própria HQ [2007-2008]).

Com tão poucas páginas disponíveis, não há muito espaço para desenvolver o enredo. Depois de alguns socos, rajadas solares e divagações de Apolo sobre a importância do amor como base para a força deles como um time de sucesso (afinal, esta é uma antologia para o Dia dos Namorados! [cuja data verdadeira é 14 de fevereiro, não 12 de junho]), a estória termina como deveria ser esperado terminar, infelizmente não acrescentando nada para o que conhecemos sobre Apolo e Meia-Noite.

Aliás, este é outro ponto crítico da estória deles. Eu conheci o autor dessa estória, Greg Lockard, por meio de seu aclamado e espetacular quadrinho histórico Liebestrasse, que conta a história de amor de dois homens numa Berlim tomada pelo terror do nazismo na Alemanha da década de 40 (futuramente farei um artigo sobre), mas ao ler "Across the Multiverse" simplesmente tenho a sensação de que ele não conhece Apolo e Meia-Noite além do que qualquer pessoa poderia encontrar numa pesquisa rápida na internet, levando a um conhecimento bem superficial sobre os super-heróis. Na verdade, tenho a sensação de que Lockard não é nem mesmo muito familiarizado com os quadrinhos da DC, pois coloca informações na estória que simplesmente não batem com o que os fãs de Apolo e Meia-Noite sabem sobre o casal — como ficar constantemente frisando as batalhas deles no Multiverso, sendo que eles nunca são vistos fora da realidade principal da DC nos quadrinhos. Assim sendo, nem mesmo o título "Across the Multiverse" faz qualquer sentido quando se trata da história do casal.


Também tenho críticas à arte. Eu admiro o trabalho do artista italiano Giulio Macaione já faz algum tempo, tanto que fiquei muito feliz quando descobri que ele desenharia a estória de The Ray e seu namorado Xenos para o DC Pride 2022, e ele fez um trabalho muito decente ali. Mas, apesar de Macaione ser um artista dedicado principalmente ao amor e erotismo entre homens, no especial de Dia dos Namorados da DC deste ano a sua arte deixou um pouco a desejar. Embora Apolo realmente pareça bastante sexy em alguns painéis, de um modo geral a arte em "Across the Multiverse" parece muito relaxada, tanto que às vezes lembra alguns desses pavorosamente mal-feitos desenhos animados infanto-juvenis criados de alguns anos para cá.

Em resumo, e talvez prejudicado pela minha elevada expectativa ao ver os nomes de Greg Lockard e Giulio Macaione juntos numa história de amor do meu casal super-heróico favorito sendo cozida ao longo de meses (eu soube disso em outubro do ano passado) — e, pior ainda, alimentada pela capa variante espetacular de Elizabeth Torque mostrando os dois como casal de capa de romance barato de banca de jornal —, "Across the Multiverse" acabou se revelando uma decepção. Não é de se jogar no lixo, dá para curtir a estória se você não estiver esperando nada de realmente incrível (o que nunca é o caso para os fãs de Apolo e Meia-Noite, como eu), mas se nunca a tivessem publicado também não faria falta alguma à importante história editorial desse casal.

Espero que estórias futuras da DC façam justiça a Apolo e Meia-Noite, especialmente após o recente anúncio de que a equipe original deles, The Authority, ganhará um filme próprio no novo universo cinematográfico da DC, e quem sabe um dia veremos o verdadeiro potencial desses dois guerreiros amantes como não vimos desde a saída deles dos quadrinhos da Wildstorm para entrar no universo principal da DC Comics.

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