Não foi Batman, Superman ou Mulher Maravilha quem fundou a Liga da Justiça, mas há uma grande razão pela qual você nunca ouviu falar do herói que a fundou. O poderoso e desconhecido super-herói Triunfo é o verdadeiro fundador da Liga da Justiça, e isso pode torná-lo o personagem mais importante da história da DC.
A Liga da Justiça é a principal equipe de super-heróis da DC, e com razão. Embora a lista tenda a mudar de tempos em tempos, cada iteração da Liga — da Americana à Internacional — tende a incluir alguns dos heróis mais poderosos e significativos da DC. No período Pré-Crise (isto é, antes do épico evento Crise nas Infinitas Terras), a Liga da Justiça estreou em The Brave and the Bold #28; a equipe incluía Superman, Batman, Mulher Maravilha, Aquaman, Flash, Lanterna Verde e Caçador de Marte. Na continuidade Pós-Crise, as origens da equipe costumam mudar, especialmente porque a Liga se expandiu para incluir várias iterações nos Estados Unidos e no mundo. Não é de admirar, então, que o fundador original da equipe na continuidade Pós-Crise tenha aparentemente se perdido no tempo.
É revelado em Justice League America #92 que o esquecido herói Triunfo (Triumph, nome real William MacIntyre [Billy Mac para os mais chegados]) foi o primeiro a reunir todos os os heróis clássicos da Liga da Justiça para combater uma grande ameaça. Criado por Mark Waid, Brian Augustyn e Howard Porter, Triunfo na verdade faz sua primeira aparição na edição #91 (agosto de 1994), enquanto ele tenta entrar em contato com o Flash (Jay Garrick) através de uma misteriosa névoa branca. "Flash! Você tem que se lembrar!" ele chama. "Você tem que me ajudar!"
As origens de Triunfo fazem todo o sentido para a DC Comics
Ao longo do número #92 e das edições seguintes, os leitores descobrem que Triunfo, um herói com poderes eletromagnéticos, de fato formou a Liga da Justiça original — mas o personagem teve que se sacrificar para salvar o mundo, e uma fenda no tempo efetivamente apagou sua existência das memórias de todos aqueles que o conheceram. Isso explica por que em sua primeira aparição ele chama o Flash, um personagem conhecido por viagens no tempo, pedindo-lhe para "se lembrar". O seguinte evento e enredo em nível-Crise, Zero Hora, eventualmente retornou Triunfo à continuidade., o que significa que ele ainda é, tecnicamente e até hoje, o fundador original da famosa equipe da Liga da Justiça da DC. Isso pode parecer complicado, mas certamente é uma história de origem normal para a DC, com suas muitas linhas do tempo e continuidades.
A sexualidade nunca reconhecida de Triunfo
O retorno de Triunfo às páginas da DC também seria a oportunidade para a editora corrigir a androfilia invisibilizada do herói. Numa época em que estamos tendo o reconhecimento de tantos super-heróis masculinos amando o mesmo sexo liderando suas próprias histórias em quadrinhos na DC Comics, como Aquaman (Jackson Hyde), Robin (Tim Drake), Superman (Jon Kent) e John Constantine, Triunfo poderia ser apresentado como um homem que ama outros homens liderando a Liga da Justiça, já que era a intenção de Christopher Priest, que escreveu a minissérie em 4 edições Triumph de 1995.
Triunfo era 'gay', algo que provavelmente apenas Brian [Augustyn, um dos criadores de Triunfo] e eu sabíamos, já que não tínhamos um enredo apropriado para lidar com essa questão com sensibilidade, mas esse era o meu subtexto para seu centro emocional: como Triunfo estava fora de lugar e fora de sincronia com o DC Universo.
Apesar disso, os próprios autores tentaram "heterossexualizar" Triunfo, fazendo-o se envolver com mulheres. Bryan Augustyn escreveu mais tarde um conto em Showcase '94 #12 sobre uma namorada de Triunfo, uma estilista chamada Melinda.
Da mesma forma, Priest parecia estar construindo uma química entre Triunfo e uma colega de equipe da Força-Tarefa da Liga da Justiça, Cigana, culminando em um beijo. Além disso, Triunfo foi fortemente rejeitado pela super-heroína brasileira Fogo depois de fazer avanços românticos nela. Além de tudo isso, eles ainda deram a Triunfo um filho em The Brave and the Bold #18, escrito por Marv Wolfman.
Claro que ter filhos ou mesmo se relacionar com o sexo oposto não define a sexualidade de ninguém, mas estava claro que os autores, incluindo entre eles um de seus co-criadores, estavam tentando eliminar a intenção original deles, que, se tivesse sido levada adiante, tornaria o fundador da Liga da Justiça um dos mais antigos super-heróis abertamente 'gays' dos quadrinhos e um dos mais importantes, passando uma poderosa mensagem para todos os leitores, não só mas principalmente para aqueles que amam o mesmo sexo.
Vamos torcer para que Triunfo tenha o triunfante retorno que ele merece em algum momento não tão distante na DC, e finalmente tenha o reconhecimento pelo qual estamos esperando há quase 30 anos.
Fontes: Screen Rant e DigitalPriest
Leitura recomendada:
- Justice League America #91, #92 e #96
- Justice League Task Force #0* e #15-37
- Triumph
- JLA #28-31 e #38
- Trinity #23, #25, #28, #31, #32, #39 e #41
* A #0 acontece entre a #16 e a #17
Lista completa das aparições de Triunfo aqui.
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