19 abril 2021

'Birds Of Prey' oferece aos fãs uma representação AMS, mas não é suficiente [Abr/2020]


Birds Of Prey
apresenta sua tão esperada representação 
AMS? Bem, mais ou menos.

Fãs de super-heróis AMS (amante[s] do mesmo sexo) anseiam por uma representação autêntica e substancial em seus filmes de sucesso há anos, mas, apesar dos rumores de que Birds of Prey seria o filme que finalmente contrariaria a tendência, o resultado nos deixou um pouco decepcionados.

Antes de nos aprofundarmos, precisamos dar crédito aonde é devido: Birds of Prey (Aves de Rapina no Brasil) é um filme incrivelmente aprazível. É repleto de empoderamento feminino, cenas de luta épicas, diálogos memoráveis ​​e tem alguns visuais de cair o queixo. É sem dúvida o mais divertido que já assistimos a um filme de super-heróis.

Estava-se confiante de que seria um sucesso entre os espectadores AMS, em grande parte graças ao humor afetado e às cenas de fantasia épicas – uma sequência de sonhos vê Harley Quinn (Margot Robbie) se apresentar como Marilyn Monroe enquanto uma trupe de homens com máscaras de BDSM (sadomasô) dança ao seu redor – e já nos preparávamos para a onda de "gays" que seriam arrastados para novas roupas brilhantes de anti-heroínas no próximo Halloween.

Agora, sobre esses personagens AMS. No início do filme, fomos apresentados à detetive Renee Montoya (Rosie Perez) e sua ex-namorada Ellen Yee (Ali Wong). Duas personagens abertamente queers em um grande sucesso de bilheteria de super-heróis deve parecer um grande momento, mas além da confirmação inicial de seu relacionamento, há pouco mais acontecendo aqui. Há uma tensão entre elas, com certeza, mas não mais do que a tensão entre Renee e o colega que recebeu crédito por um caso importante em que ela trabalhou.

Há também uma referência visual de se-piscar-você-vai-perder Harley namorando uma mulher no passado, mas, novamente, nada além desse pequeno momento. Nós quase esperávamos vê-la flertando com a Canário Negro (Jurnee Smollett-Bell) ou a Caçadora (Mary Elizabeth Winstead) após sua grande separação do Coringa, mas isso nunca aconteceu. Para uma personagem "bissexual" estabelecida com muitos seguidores queers, parece uma oportunidade perdida, especialmente porque Margot já expressou seu desejo de explorar a sexualidade de Harley na tela, chegando a sugerir a Hera Venenosa como um potencial interesse amoroso.

A maior decepção do filme, no entanto, é sua recusa em solidificar o relacionamento entre a dupla de vilões Roman Sionis/Máscara Negra (Ewan McGregor) e Victor Zsasz (Chris Messina). Na preparação para o lançamento do filme, havia muitos rumores sobre Roman ser retratado como "homo-" ou "bissexual", enquanto o próprio Ewan brincou que o par era "mais do que provavelmente" um casal.

Infelizmente, isso nunca chegou a ser concretizado na tela. Roman é um antagonista fortemente queer-codificado*, descansando em seu apartamento de pijama de seda e mostrando-se afetado como Liberace toda vez que ele está na tela. Victor, enquanto isso, interpreta o parceiro que o idolatra e que fará qualquer coisa por ele (sim, isso inclui arrancar rostos em uma cena que não é para os fracos de coração). Os dois são inseparáveis, e a química definitivamente está lá – tanto que passamos a maior parte do filme esperando que eles se beijassem em algum momento. Mas a sexualidade dos personagens nunca é revelada, e o último prego no caixão chega ao final do filme, quando Harley se refere a Victor como o "melhor amigo" (BFF) de Roman – efetivamente "heterossexualizando" uma digna alusão de um relacionamento H/H em um filme.

Nada disso tira o quanto o filme é divertido, é claro, e ainda o recomendam de todo o coração. É uma afetação de alta octanagem, ridículo (no bom sentido) e provavelmente o mais divertido que você terá no cinema este ano. Mas, por enquanto, parece que os fãs de super-heróis AMS ainda têm que esperar mais um tempo pela representação que merecem.

Tradução feita pelo dono deste blog. Se for usá-la parcial ou integralmente em outro lugar, pelo menos dê os devidos créditos a esta página, por favor.


* Codificação queer (Queer coding) –  É a prática, intencional ou não, de criar um personagem com aparência ou maneirismo estereotipicamente queer, sem explicitar sua sexualidade. É frequentemente associado a vilões, como uma relíquia de época no cinema de Hollywood, onde a única maneira de censores permitirem um personagem queer seria se eles fossem exibidos sob uma luz vilanesca. No momento em que essas regras foram afrouxadas, maneirismos queers simplesmente se tornaram parte de nossa linguagem cinematográfica por sugerir que um personagem é um cara mau. (fonte)

2 comentários:

Rafael Costa disse...

Fiquei extremamente decepcionado com o recuo no final. Se referir ao Victor como BFF era desnecessário, uma óbvia desistencia por medida reação dos nerds homofóbicos.

Fábio Máximo disse...

Oi, Rafael!
Também me decepcionei muito com esse pequenino comentário da Harley ao final. Assisti dublado em português, então fui ver esse trecho no áudio original para confirmar, e infelizmente foi isso mesmo (melhor amigo/BFF).
Antes não dissesse nada e deixasse no ar mesmo. rsrs
Muito obrigado por sua visita e seu comentário.

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