A Polônia é um dos países mais HBTfóbicos da Europa, e recentemente foi-se anunciado que um terço do território polonês se declarou oficialmente "zona livre de 'LGBTs'", oficializando o ódio, a discriminação e a perseguição contra pessoas que não são heterossexuais e cisgêneras. (veja aqui)
Com isso, trago aqui um assunto de 2018 que causou polêmica na Europa e quase virou uma crise diplomática entre a Polônia e a Suécia por conta de uma história em quadrinhos em que o super-herói O Fantasma defende pessoas DSR ([da] diversidade sexual e romântica) durante uma Parada do Orgulho em Varsóvia contra uma milícia HBTfóbica, usando como "arma" uma bandeira do arco-íris.
Texto original de Nick Duffy para o site Pink News.
Tradução feita pelo autor deste blog.
Se for usar parcial ou completamente esta tradução,
favor fazer a devida referência ao link deste blog.
Uma história em quadrinhos que vê um super-herói defendendo uma Parada do Orgulho de HBTfóbicos violentos provocou raiva na Polônia.
A edição sueca de Fantomen, que apresenta o super-herói estadunidense de longa data O Fantasma (The Phantom), foi criticada pela controversa capa de sua última edição.
A HQ, escrita pelo escritor polonês Philip Madden, vê o herói participar de um evento do Orgulho na capital da Polônia, Varsóvia.
No entanto, a situação fica fora de controle quando um grupo de HBTfóbicos violentos – retratados vestindo uniformes militares cinza e agitando bandeiras polonesas – ameaçam o desfile.
O herói os afasta com uma bandeira do Orgulho, acrescentando: "Eu tenho que agir rapidamente antes que o sangue corra nas ruas!"
O editor de Fantomen, Mikael Sol, defendeu a edição, dizendo ao site sueco Expressen: "Eu achei que era um símbolo bonito, com a bandeira colorida, que significa tolerância, contra o vilão de cor cinza que representa a intolerância.
"Entendo claramente que a capa é controversa, mas às vezes você precisa se sentir confortável e seguro em sua escolha."
Sol acrescentou: “Sempre há alguém que reage [negativamente, mas] no geral, houve uma resposta positiva.
"Acho que as pessoas deveriam ler antes de terem uma opinião sobre isso."
Ele acrescentou: "O Fantasma sempre fará a coisa certa e permanecerá do lado dos oprimidos.
"Pode ser contra empresas que arruinam o meio ambiente ou erradicam espécies animais para obter ganhos econômicos, e pode ser combater o tráfico de escravos ou defender a liberdade religiosa."
A história em quadrinhos parece ter sido parcialmente inspirada por relatos reais de violência em eventos anteriores do Orgulho em Varsóvia, que se acredita terem sido perpetrados por nacionalistas de extrema-direita.
A HQ não caiu bem na mídia polonesa, no entanto.
A emissora polonesa Telewizja Republika atacou o gibi alegando que perpetua estereótipos da Polônia como intolerante.
A emissora twittou: "A última edição sueca de 'the Phantom' está despertando emoções nas redes sociais.The latest Swedish edition of the famous American cartoon "the Phantom" is stirring up emotions on social media.— Poland Daily (@PolandDaily) April 28, 2018
The writers have decided to send the superhero to Poland in order to defend a Gay Pride March against evil Polish nationalists.
They should have sent Captain Sweden. pic.twitter.com/RZRRESGl9r
"Os escritores decidiram enviar o super-herói para a Polônia, a fim de defender uma Marcha do Orgulho Gay contra os perversos nacionalistas poloneses.
"Eles deveriam ter enviado o Capitão Suécia."
Em um vídeo em inglês, a emissora acusa a Suécia de tentar ser "a vanguarda do movimento global de justiça social" e de retratar o povo polonês como "selvagens agressivos".
'Capitão Suécia', segundo os HBTfóbicos poloneses |
A intolerância em relação às pessoas DSR na Polônia tem sido uma questão importante no país, que fica atrás de muitos de seus vizinhos quanto aos direitos DSR.
A Polônia não reconhece uniões do mesmo sexo ou adoção homoparental e, embora as pessoas DSR tenham proteções legais contra discriminação exigidas pela União Europeia, o estigma é comum no país.
O Eurobarômetro 2014 constatou que a discriminação anti-"LGBT" na Polônia está entre as mais altas da Europa.
Eurobarômetro 2014 |
Fonte: A comic book that sees a superhero defending a Pride parade from violent homophobes has stirred anger in Poland.
* N/T: Mesmo agora em 2020 não houve melhorias quanto a igualdade de direitos de pessoas DSR na Polônia, pois ainda não se reconhece casamento igualitário, adoção por pais ou mães do mesmo gênero ou proteção contra discriminação HBTfóbica em geral, e a população continua majoritariamente contra esses direitos humanos básicos quando se trata de pessoas DSR. (Fonte) Então, sim, a Polônia é um país profundamente INTOLERANTE.
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