19 abril 2021

Por que 'Brokeback Mountain' ainda impressiona 15 anos depois, como uma história de amor universal e triunfo HAH

Brokeback Mountain, Ennis Del Mar, Jack Twist - Amor Masculino - Androfilia - Gay Male Love - Amor Másculo - Amor Macho - Manly Love - Man2Man
"O Amor é uma Força da Natureza"
 O jornalista estadunidense David Oliver escreveu para o site de notícias USA Today sobre o legado do histórico filme Brokeback Mountain, um impacto que continua ressoando mais de uma década e meia depois — e que continuará por muitos anos mais.

[Nota do Tradutor: As opiniões abaixo apresentadas são do jornalista David Oliver, podendo ou não estarem 100% de acordo com as opiniões pessoais do dono deste blog (e tradutor deste texto), mas é um texto interessante o suficiente para ser publicado aqui]

Lembro-me da primeira vez que ouvi falar de Brokeback Mountain, a história de amor entre dois caubóis.

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Minha mãe me disse que meu avô gostou do filme. Uma frase simples, que outras crianças pré-púberes podem ter esquecido. Mas, como uma criança "gay" enrustida, essa frase significava tudo para mim. Isso significava que talvez, algum dia, se eu percebesse ou contasse a alguém que era "gay", pelo menos uma pessoa que eu conhecia perto de mim estaria bem com isso.

E 15 anos depois, esse é o legado do filme.

Brokeback Mountain, que chegou aos cinemas em 9 de dezembro de 2005, ainda nos maravilha como uma história de amor universal presa em uma época implacável e odiosa. O filme do diretor Ang Lee também vale a pena assistir várias vezes para testemunhar a importância não apenas da tolerância, mas da aceitação inquestionável.

Sobre o que é Brokeback Mountain?

Brokeback Mountain começa com dois caubóis em 1963 no Wyoming: Jack Twist (Jake Gyllenhaal) e Ennis Del Mar (Heath Ledger). Eles trabalham no topo da montanha que dá nome ao filme durante o verão, pastoreando ovelhas e comendo feijão. A química natural e as brincadeiras da dupla se transformam em um relacionamento sexual — e, finalmente, amoroso. Mas nenhum dos dois pode expressar o que é óbvio para todos que estão assistindo, mesmo um com o outro.

"Não é da conta de ninguém, só nosso", Jack diz a Ennis. Ennis insiste que ele não é "bicha" (queer) e Jack diz o mesmo. No entanto, eles mantêm um caso por quase duas décadas. Ambos se casam com mulheres, têm filhos e fogem para "pescar" juntos.

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Com o tempo, Jack fica cada vez mais frustrado por não poder passar mais tempo com Ennis e até sugere que eles comprem um rancho juntos. Ennis não se convenceu da ideia e só consegue se referir ao amor deles como "essa coisa" que os domina quando estão perto um do outro. Mesmo depois de Ennis e sua esposa, Alma (Michelle Williams), se divorciarem, ele ainda não consegue estar totalmente com Jack como Jack deseja.

"Eu gostaria de saber como deixar você", diz Jack, invocando a frase mais famosa do filme. É sugerido pouco tempo depois que Jack foi morto, talvez em um crime de ódio — exatamente a coisa de que Ennis sempre teve medo, depois de ver as consequências desse tipo de assassinato quando ele era criança.

Brokeback Mountain ainda ressoa?

Um pensamento inicial que pode passar na cabeça de um nerd do cinema é que Brokeback Mountain perdeu o Oscar de melhor filme de 2006 para Crash — uma decisão que tem deixado cabeças coçando até hoje. Mas há muito mais para falar do que perder um prêmio.

O filme abriu caminho para a população AMS (amante[s] do mesmo sexo) da mesma forma que Philadelphia (1993) o fez mais de uma década antes, trazendo a discussão sobre a AIDS para o grande público e rendendo a Tom Hanks seu primeiro Oscar. Brokeback, além de oito indicações ao Oscar, também mostrou que havia público para histórias "gays": arrecadou 178 milhões de dólares em todo o mundo.

Mas a principal peça da marca que imprimiu no cinema é a história de amor.

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A real parte do "amor" da história de Jack e Ennis é simples, apesar das circunstâncias difíceis, e acontece rapidamente. Outros filmes AMS de alto calibre, como Call Me By Your Name (2017) e Portrait of a Lady on Fire (2019), são lindos, mas a construção do romance constitui mais do filme do que o romance em si.

Brokeback Mountain tem uma abordagem diferente: os personagens principais fazem sexo antes do filme terminar seu primeiro ato, permitindo que os espectadores continuem no amor estabelecido pelo resto do filme.

Esse relacionamento de décadas, cheio de nuances, apresentado a um público de massa, alterou a maneira como as pessoas se sentiam sobre o romance entre pessoas do mesmo gênero e refletiu uma mudança social cada vez mais ampla em favor dos direitos AMS. E embora essa mudança tenha funcionado em alguns aspectos, ainda há mais trabalho a ser feito.

Pode parecer que a cultura "gay" mudou tremendamente desde o lançamento do filme. "Don't Ask Don't Tell" ("Não Pergunte, Não Diga"), a proibição de pessoas DSR ([da] diversidade sexual e romântica) nas forças armadas estadunidenses, foi revogada em 2010. Desde então, a Suprema Corte dos EUA legalizou o casamento igualitário e tornou ilegal demitir alguém que fosse "gay", "lésbica" ou "transgênero".

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Mas a população DSR ainda está sob ameaça e continua sem certas proteções federais.

Um filme por si só não pode inerentemente criar uma mudança radical. Mas Brokeback Mountain, apenas por contar a história de dois caubóis apaixonados e as convenções sociais que os separavam, instrui seu público a ouvir.

Claro, o filme tem seus problemas. Atores "heterossexuais" interpretaram papéis em uma história de amor "gay"? Sim. Um desses personagens morreu a serviço da trama? Sim. Esses personagens foram infelizes durante a maior parte do filme? Sim.

Mas qualquer coisa que possa mover a agulha ainda mais em direção à aceitação AMS é um filme que vale a pena assistir e discutir — especialmente aquele que também não escolhe colocar um rótulo de sexualidade em seus personagens principais, sugerindo que eles nem são necessários.

Quando penso em um Jack e um Ennis modernos, imagino-os olhando um para o outro em um bar lotado (pós-pandemia), com os mesmos chapéus de caubói e jeans. Desafiando um ao outro a fazer um movimento. Sem trauma os prendendo, sem segredos, sem mentiras. Apenas sorrindo e flertando — tudo que a sociedade deveria ter oferecido a eles em primeiro lugar.

Minha esperança fervorosa: um pai ou responsável assiste a este filme, olha para o adolescente ao lado dele e diz o quanto gostou do filme.

Você não tem ideia de como essa afirmação pode mudar uma vida.

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